A solução para mulheres com falência ovariana precoce: in vitro Activation (IVA)

Muitas mulheres, quando param de tomar pílulas e estão planejando ter um filho, são surpreendidas com uma doença que muitas vezes não apresenta sintomas durante a vida: a falência ovariana precoce (FOP). Essa doença é definida pela falência da função ovariana antes dos quarenta anos de idade. Os ovários deixam de produzir hormônios conhecidos como estrógenos e progesteronas que são essenciais para o funcionamento do corpo feminino, e, portanto, deixam de liberar óvulos. Um dos principais inconvenientes dessa menopausa prematura é a infertilidade, que se mantém mesmo com reposição hormonal adequada.

A falência ovariana precoce pode ser ocasionada por defeitos genéticos, quimioterapia para tratamento de câncer e doenças autoimunes e sofre forte influência do histórico familiar e da idade. Há poucos anos atrás, não existia nenhum tratamento eficiente para tratar a doença. Até que em 2013, surgiu a técnica in vitro Activation, mais conhecida como IVA. Esse ano (2018), o Baby Center esteve no congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE) em Barcelona e traz a seguir novidades sobre esse novo método da Reprodução Humana.

A IVA foi descoberta por pesquisadores da universidade de Stanford em 2013 (1). É um método cirúrgico combinado com terapia genética que se mostrou muito eficaz no tratamento da falência ovariana precoce e já trouxe ao mundo mais de 18 bebês. Espera-se que essa técnica chegue ao Brasil em um futuro próximo. Entenda quais são as principais etapas do tratamento:

1. Diagnóstico de falência ovariana precoce pelo médico; a paciente passa por uma pequena cirurgia para retirada de material dos ovários. Os ovários ficam em um ambiente para estimula-los chamado meio de cultura

2. É realizada uma segunda cirurgia para transplantar esses fragmentos de ovário modificados na trompa.

3. A mulher tem sua função ovariana restaurada, volta a ovular e pode engravidar através de tratamento de fertilização in vitro.

4. Gravidez e nascimento do bebê.

A IVA é um procedimento minimamente invasivo que é realizado através de duas cirurgias, uma para retirada do ovário e outra para o transplante das pequenas partes do ovário tratado. Por isso, é necessário que a paciente entenda todos os processos da técnica e tome uma decisão consciente do que será realizado antes de se submeter ao tratamento.

Antes do surgimento da IVA, a única possibilidade para mulheres com falência ovariana engravidarem era através de óvulos doados. O tratamento de IVA permitiu que esse quadro fosse revertido, possibilitando que essas mulheres tivessem um filho com seu próprio material genético.

A grande contribuição da IVA é que ela não trata somente os sintomas da FOP como infertilidade, fogachos, sudorese noturna e ciclos menstruais irregulares, mas sim, a causa do problema. Através desse tratamento, é possível restaurar a função ovariana e chegar mais próximo de atingir a gravidez. Para mulheres que sofrem com a doença, isso é um grande avanço e pode representar o primeiro passo para a realização de um grande sonho.

Referências

1. Kawamura K, Cheng Y, Suzuki N, Deguchi M, Sato Y, Takae S, Ho CH, Kawamura N, Tamura M, Hashimoto S, Sugishita Y, Morimoto Y, Hosoi Y, Yoshioka N, Ishizuka B, Hsueh AJ. Hippo signaling disruption and Akt stimulation of ovarian follicles for infertility treatment. Proc Natl Acad Sci U S A. 2013 Oct 22.