É possível engravidar com síndrome do ovário policístico?
- Dr. Luiz Fernando Carvalho
- 6 de out. de 2017
- 3 min de leitura
A anovuladora crônica hiperandrogênica, mais conhecida como síndrome dos ovários policísticos, é a principal causa conhecida de infertilidade de origem ovariana. A relação entre a síndrome do ovário policístico (SOP) e a infertilidade é uma das principais dúvidas de quem sofre com o problema. Estima-se que a síndrome ocorra entre 06 e 10% das mulheres em idade reprodutiva. No Brasil, ela pode atingir cerca de 2,5 milhões de mulheres, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para compreender o que é a síndrome, é importante saber o que é um cisto. Os cistos são pequenas bolinhas ou bolsinhas com uma quantidade de líquido dentro, que podem surgir em qualquer parte do corpo. Na mulher, todo mês, na primeira fase do ciclo menstrual, desenvolve-se um folículo bem pequeno em seus ovários. Ele é popularmente chamado de cisto. Quando chega o período da ovulação esse cisto dobra de tamanho e recebe o nome de folículo dominante, que abriga em sua parte interna um óvulo. Nessa etapa, o folículo é rompido e libera o óvulo para as trompas, podendo encontrar o espermatozoide (gerando a gravidez) ou não. Esse processo é natural no organismo feminino, por isso o cisto é nomeado “cisto funcional”. Quando um ou mais cistos desenvolvem-se diferentemente dessas condições, pode ser sinal de uma doença.
Como ocorre a síndrome do ovário policístico
A síndrome do ovário policístico decorre de alterações hormonais e genéticas do ovário. Existe um defeito do citocromo P450. Quando há a presença da doença, em vez de seguir a ordem natural, formando apenas um folículo no ovário, formam-se vários, que se acumulam e não se rompem, impedindo que os óvulos sejam liberados. Isso se caracteriza por anovulação, ou seja, não ovulação. Por esse motivo têm o nome de “ovários policísticos”, onde os folículos recrutados não chegam ao formato de ovulação.
Essas alterações são causadas por diversos hormônios, na maioria, os andrógenos, que são hormônios masculinos normalmente produzidos pelos ovários.
Estudos científicos indicam que a SOP tenha fator hereditário e que filhas e irmãs de mulheres com a síndrome têm 50% mais de chance de desenvolver o problema.
Como a síndrome do ovário policístico é diagnosticada?
A paciente de SOP dificilmente apresenta dores, portanto, para identificar o problema, o médico ginecologista faz uma análise de um tripé formado por histórico da paciente, exames clínicos e exames laboratoriais.
Alguns fatores podem chamar a atenção do médico para a SOP são:
[if !supportLists]· [endif]Casos da doença na família
[if !supportLists]· [endif]Ausência ou irregularidade menstrual
[if !supportLists]· [endif]Dificuldade para engravidar
[if !supportLists]· [endif]Obesidade
[if !supportLists]· [endif]Existência ou excesso de pelos no rosto, costas e glúteos
[if !supportLists]· [endif]Excesso de acne
[if !supportLists]· [endif]Queda de cabelo na região do couro cabeludo
[if !supportLists]· [endif]Excesso de oleosidade da pele e do couro cabeludo
Os médicos utilizam ainda os critérios de Rotterdam publicados em 2004 para avaliar a presença de SOP.
THE ROTTERDAM ESHRE/ASRM- SPONSORED PCOS CONSENSUS WORKSHOP GROUP. Revised 2003 consensus on diagnostic criteria and long-term health risks related to polycystic ovary syndrome. Fertil Steril., v.81, n.1 p. 19-25, 2004.
Com base nele, a paciente precisa apresentar dois dos três critérios abaixo para a conclusão do diagnóstico:
1- Oligomenorréia e/ou anovulação
2- Sinais bioquímicos e/ou clínicos de Hiperandrogenismo
3- Ovários Policísticos na ultrassonografia pélvica
O exame de ultrassom transvaginal é solicitado para verificar a presença de cistos no ovário. Normalmente, também é feita a análise hormonal da paciente para identificar a presença e quantidade de hormônios.
Lista de hormônios analisados para diagnóstico de SOP:
• Androgênios: Testosterona, Testosterona Livre, SHBG e SDHEA, androstenediona e cortisol
• FSH e LH
• [endif]T3, T4, T4 livre e TSH
• Hidroxiprogesterona (17 OHP)
• Prolactina
Os resultados comuns de serem encontrados na síndrome são:
↑ Androgênios ovarianos
↑ Estrógenos (Estrona)
↓ Produção de SHBG
↑ Resistência periférica Insulina 50%
↑ Discreto de Prolactina
Aromatização Periférica Aumentada
Diminuição da SHBG
Aumento dos Níveis de Insulina
Tratamento da síndrome do ovário policístico
O tratamento da doença será discutido e definido pelo médico a fim de atender as necessidades e objetivos da paciente. Atualmente, o tratamento mais utilizado é o medicamentoso, principalmente por meio do uso de anticoncepcionais. O tratamento da SOP visa quebrar o ciclo vicioso abaixo:

Mas afinal, é possível engravidar com síndrome do ovário policístico?
Sim, quando a síndrome do ovário policístico é diagnosticada os médicos que trabalham com reprodução humana usam remédios para fazerem as pacientes ovularem. Esses remédios são chamados de indutores da ovulação e corrigem o defeito primário, fazendo com que a mulher ovule e possa engravidar.
Para esclarecer mais dúvidas sobre os remédios usados para estimular os ovários, leia o post “Conheça os medicamentos usados nos tratamentos de reprodução humana”.
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